De forma geral, todo bom planejamento é feito baseado em pesquisa, informação e números. Encontrar dados do setor de engenharia de construtoras e incorporadoras do país não é uma tarefa simples.
Pensando em abastecer o setor com informações relevantes, a pesquisa Cenário Construtivo Brasileiro chegou a sua segunda edição em 2020. Depois de um ano atípico para o mercado de forma geral, a nível mundial, entender como o setor de engenharia da construção civil vem se posicionando se tornou ainda mais importante.
Nesse texto, concentramos alguns dos resultados encontrados no levantamento de 2020, que se dividiu em quatro temas principais: BIM, Norma de Desempenho, Inovação e Gerenciamento de obra. Além disso, os impactos da pandemia do novo coronavírus também foram analisados.
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Quem participou da pesquisa?
Para avaliar de forma coerente os dados do setor de engenharia, é importante conhecer o perfil das construtoras e incorporadoras que responderam ao questionário. Considerando 91 respostas válidas, temos uma predominância de participantes do estado de Santa Catarina, seguido por Paraná e São Paulo.
Além dos três estados, o apoio de diversos Sinduscons do Brasil e empresas, trouxe relevância a pesquisa e permitiu que estados de diversas regiões fossem representados.
Dentre as projeções de faturamento, a tendência encontrada em 2019 se manteve, concentrando 76% das respostas em um faturamento anual de até R$ 60 milhões. Já no Valor Geral de Vendas (VGV), o aumento foi 15% na categoria acima de R$6.000,00/m².
Uso do BIM cresce mais de 20% no último ano
Os dados de 2020 mostram que 71% das construtoras e incorporadoras responderam que já trabalharam ou contrataram projetos em BIM. Em 2019, o número foi 48%, um aumento de 23%.
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Junto a isso, percebesse uma tendência no número de projetos contratados em BIM. Em 2019, a maioria das construtoras havia desenvolvido de 1 a 3 empreendimentos com contratos em BIM. Já em 2020, a maior parte das construtoras desenvolveu de 4 a 6 projetos.
Esta evolução de um ano para o outro pode representar uma continuidade na adoção por parte das construtoras que tinham de 1 a 3 projetos no ano passado. Já a popularização do termo e as possibilidades de
Além disso, conforme a pesquisa, o principal motivo para adoção do BIM segue, assim como em 2019, relacionado a melhorar a compatibilização dos projetos. Motivo que surge da demanda apontada também na pesquisa, que traz a falta de compatibilização como o principal problema encontrado em projetos.
De encontro a isso, podemos cruzar outros dois dados interessantes. A maioria das construtoras e incorporadoras (60%) informaram que o impacto financeiro com a contratação do BIM foi baixo, de até 25%. Em comparação, 82% afirma que o número de incompatibilidades nas obras diminuiu com o uso do BIM.
Dados do setor de engenharia relacionados à Norma de Desempenho NBR 15.575
A NBR 15.575 foi criada em 2013, com o objetivo de assegurar que obras de imóveis residenciais atendam a um critério mínimo de qualidade e segurança. No ano de 2019, 29% dos respondentes relataram que não adotaram nenhuma medida para se adequar a obra.
Em 2020 esse número caiu para 14%. Apesar da queda, vale refletir que sete anos já se passaram e 14% das construtoras e incorporadoras ainda não se adequaram a norma.
No caso das que se adequaram, as principais medidas estão relacionadas à contratação de projetos específicos, como impermeabilização e conforto térmico e acústico. Mudanças no sistema construtivo e realização de testes exigidos pela norma também estão entre as principais.
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Dentre os dados do setor de engenharia analisados ligados à NBR 15.575, 30% dos entrevistados declarou que não possui nenhum controle de qualidade na empresa. Entre os que possuem, o uso do PBQPH segue à frente, mas o crescimento principal foi no desenvolvimento de sistemas próprios, que passou de 4% para 24%.
NBR 15.575 e alternativas sustentáveis
Quando perguntado sobre sustentabilidade, a grande maioria das empresas (86%) não adota nenhum tipo de certificação. Número 12% superior ao de 2019. Na sequência, entre os mais adotados estão a LEED e o Selo Azul da Caixa.
Em relação as alternativas sustentáveis mais incentivadas em projetos estão os sistemas de captação de águas alternativas e os sistemas de redução do uso de água.
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Tecnologia e inovação na construção civil
Vivemos atualmente um período de mudança e inovação tecnológica no mercado. O setor da construção civil segue essa tendência, e nos últimos tempos, diversas construtechs surgiram no mercado, com soluções inovadoras para problemas antigos.
Pensando nisso, a temática não poderia deixar de ser analisada dentre os dados do setor de engenharia de construtoras e incorporadoras do país.
Quando falamos de inovação dentro dessas empresas, o número ainda é baixo. Apenas 21% relata possuir um setor específico destinado à inovação. Número menor do que em 2019, de 23%.
Apesar do número de setores ainda ser baixo, a adoção de novos materiais construtivos segue crescendo, como PEX, aditivo cristalizante de concreto e fachadas ventiladas. Nessa categoria, podemos destacar o aumento considerável, de 10%, na utilização de barramento blindado.
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É notável um crescimento na utilização de alguns itens tecnológicos na fase de obras ou para o empreendimento, como tomadas para carros elétricos, drones e acesso por biometria ou reconhecimento facial.
Quando questionados sobre digitalização, a etapa de orçamento de obras segue na frente, seguida pelo planejamento e controle de obra e um aumento significativo de 13% na aquisição de suprimentos.
O que os dados do setor de engenharia apontam sobre o gerenciamento de obras?
O gerenciamento de obra é parte fundamental para o sucesso de qualquer empreendimento. Um dos problemas recorrentes é o atraso. Entre as principais situações que as empresas respondentes acreditam que mais contribuem para o atraso no cronograma estão problemas com os projetos e baixa produtividade da equipe de obra.
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Apenas 19% afirma não ter problemas com o cronograma. Apesar disso, nota-se que o setor teve uma melhora com relação aos prazos, já que, segundo os dados da pesquisa, a taxa de atrasos nas entregas diminuiu, com 58% afirmando entregar a obra no prazo e 15% antes do prazo.
No quesito de assertividade dos orçamentos, 74% das construtoras e incorporadoras declaram que ultrapassam o valor inicial. A maioria (40%), em até 3% do orçamento previsto.
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Um problema recorrente nos orçamentos, são custos com pós-obra. Para 78% das empresas, 10% a mais que no ano de 2019, esses custos são de até 2,5%. Entre as principais causas de assistência pós-obra temos infiltrações, fissuras e vazamentos de água.
Como os setores de engenharia foram impactados pela Covid-19?
Uma mudança nos padrões de trabalho foi provocada pela pandemia que se instaurou no mundo. A maioria das construtoras e incorporadoras respondentes (54%) tiveram suas obras paradas por até 20 dias úteis e 26% informaram que não realizaram pausas.
Um dos principais impactos foi, sem dúvida, na fase de aprovações legais em órgãos públicos. Os atrasos nas aprovações por conta da paralisação dos órgãos foi um problema para 63% dos respondentes.
Quanto as questões de medidas de segurança adotadas, o uso de máscaras foi o principal (95%), seguido pela liberação para home office (71%) e checagem da temperatura dos colaboradores ao entrar na obra ou escritório (65%). Distanciamento das estações de trabalho e limitação do número de pessoas na obra também foram apontadas.
Durante a circulação da pesquisa, entre 03/08 e 04/09, 38% das empresas não tinham mais ninguém da equipe em home office e 21% tinham menos de 10%. Em relação ao número de casos, 73% das construtoras e incorporadoras afirmam que menos de 5% da equipe foi contaminada pelo novo coronavírus.
Todas as informações citadas aqui e podem ser conferidas no resultado do Cenário Construtivo Brasileiro 2020. Além disso, outros dados também estão disponíveis no relatório para que você possa fazer sua própria análise detalhada.
Para baixar, basta acessar o link. Esperamos que esse levantamento possa te ajudar a fazer uma análise do ano de 2020 e planejar o ano de 2021.
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