Que o mercado da construção civil em 2021 mudou e se modernizou, não é novidade. Além das adaptações necessárias de encontro com a atual situação econômica e política global, muito motivada pela pandemia da Covid-19, diversas iniciativas de construtechs e proptechs também surgiram nos últimos anos.
Sem dúvida, essas adaptações aos movimentos do mercado são desafiadoras, por isso, todas as iniciativas de busca por dados qualificados para compreender as tendências do setor são válidas. A proposta da pesquisa Cenário Construtivo Brasileiro é justamente essa.
Encabeçada pela Thórus Engenharia e em parceria com a Sienge e a Brain, grandes players do mercado, em sua 3ª edição, a pesquisa circulou de 05/10/21 a 29/11/21. No total, foram obtidas 287 respostas. Para a análise, foram consideradas apenas as respostas fornecidas por construtoras e incorporadoras, público-alvo da pesquisa. Dessa maneira, foram totalizadas 218 respostas válidas.
A pesquisa contou também com o apoio de outras empresas, como Prevision e AltoQI, além de instituições como ABRAINC e ABRAMAT. Ela foi dividida em sete áreas. São elas:
- Projetos;
- BIM;
- Norma de Desempenho;
- Gerenciamento de obra;
- Tecnologia e inovação;
- Inflação dos insumos;
- Mercado imobiliário.
O perfil das construtoras e incorporadoras participantes
Nesta edição, o número predominante de respondentes, com mais de 20% de diferença para a próxima alternativa, foi de Sócios e Proprietários com 37%. Em relação a representatividade do cenário brasileiro, apenas 10 dos 26 estados brasileiros mais o Distrito Federal, não possuíram nenhum respondente. Com todas as cinco regiões possuindo representantes.
O tipo predominante de obras dos respondentes são as residenciais multifamiliares (73%). O valor geral de venda (VGV) predominante é de padrão médio até R$6.000,00/m² (37%) e o faturamento anual projetado de até 10 milhões (55%).
Falta de compatibilização é considerada maior problema dos projetos
Assim como na edição de 2020 da pesquisa, a falta de compatibilização continua sendo apontada como o principal problema encontrado em projetos. Nesta edição, 58% dos respondentes o apontaram. Além disso, destaca-se um crescimento de 9% no número de respondentes que aponta a falta de detalhes no projeto como um dos principais problemas, totalizando 54%.
Além dos principais problemas, dados referentes a tempo médio de desenvolvimento de projetos, gargalos no processo de obtenção de licenciamento e iniciativas sustentáveis também foram realizadas. Vale destacar a alta de 7% no número de empresas que apontam não realizar nenhum incentivo do ponto de vista da sustentabilidade, comparada ao ano de 2020.
A utilização de BIM
De encontro com o dado anterior que aponta a compatibilização como um dos principais problemas de projeto, temos 87% dos respondentes afirmando que o maior motivo para adoção do BIM foi melhorar a compatibilização dos projetos. Esse mesmo número foi obtido quando perguntado se o uso do BIM realmente proporcionou uma redução nas incompatibilidades.
Vale destacar também que 42% das empresas afirmam que ainda não contrataram ou trabalharam com BIM. Das empresas que já trabalharam, o score médio de recomendação do uso do BIM chegou a 61, média considerada ótima, apontando as empresas como promotoras da metodologia.
Em relação aos custos para utilização de BIM, 40% das empresas afirmaram que não tiveram nenhum aumento nos custos. Os dados de 2021 tiveram um aumento de 20% em relação aos de 2020, demonstrando a “popularização” da metodologia. Apesar de mais difundidas, os respondentes ainda apontam o treinamento dos colaboradores e a falta de experiência técnica de projetistas como as principais dificuldades na transição para o BIM.
Número de empresas que não tomam medidas de adequação à NBR 15.575 aumenta
As medidas mais adotadas pelos respondentes para adequação à norma de desempenho são a contratação de projetos específicos, como impermeabilização, conforto térmico e acústico, e a realização de testes exigidos pela norma. Apesar disso, o número de respondentes que afirmaram não terem tomado nenhuma das medidas citadas, subiu de 14% para 21%.
Das empresas que realizaram iniciativas para adequação, 33% afirma que não houve nenhum aumento nos custos para isso. Em relação aos sistemas de controle de qualidade, pode ser percebido um aumento no número (30%) de respondentes que utilizam sistema próprio, mas também dos que não possuem nenhum sistema de controle (38%).
Tecnologia e Inovação: no que as empresas estão investindo?
Mais de 70% das empresas respondentes não possuem nem setor, nem estratégias voltadas para inovação. Apesar disso, as empresas estão investindo em ferramentas ou tecnologias para auxiliar a construção.
Dentre os principais itens utilizados em obras estão os drones e a realidade virtual. As tomadas para carros elétricos e a automação das áreas comuns também foram apontadas pensando em benefícios para a obra após conclusão.
A atuação das empresas em conjunto com construtechs e proptechs ainda é baixo. Dos respondentes, 61% afirma não atuar, mas apenas 1% diz não possuir nenhum interesse em investir nessa área nos próximos dois anos.
Gerenciamento de obras
A maior parcela de respondentes (35%) afirma que ao comparar o orçamento de obra previsto com o realizado teve um aumento de até 3% do valor. No total, 83% afirma não terem assertividade no orçamento, com valores ultrapassando o previsto.
Falando em entregas de obra em relação aos prazos previstos em planejamento, 66% afirma entregar no prazo ou antes dele. Apesar do número, ao perguntarmos sobre os problemas que mais contribuem para o atraso do cronograma, problemas com os projetos e baixa produtividade da equipe de obras foram os principais.
No caso de chamados para assistência pós-obra, 37% afirmaram ter uma média de 1% a 5% do custo da obra. Os motivos mais comuns são infiltrações, fissuras, acabamentos, pintura e vazamento de água.
A alta dos insumos da construção em 2021
A inflação dos insumos foi um assunto recorrente durante o último ano e que movimentou muito o mercado da construção civil. Na pesquisa, o objetivo foi compreender como as empresas perceberam e sentiram esse impacto, portanto, os números representam a visão dos respondentes.
O aumento dos custos percebido pela maior parte dos respondentes foi de 15% a 20%. Entre os itens com maior aumento foram apontados os vergalhões de aço ao carbono, esquadrias de alumínio, condutores elétricos e tubos e conexões de aço e ferro. Entre os itens que mais foram importados, os vergalhões de aço ao carbono também ocupam a liderança com 58%.
Outro ponto analisado foi o atraso em obras devido a falta de insumos. Das empresas, 49% tiveram suas obras atrasadas em mais de 10 dias devido ao problema de escassez na disponibilidade dos materiais de construção.
Mercado imobiliário
As expectativas dos respondentes para 2022 são várias. A inflação nos custos dos materiais, como já citamos acima, é um problema que acreditam que se manterá em 2022 (80%). Outro ponto são as incertezas políticas, afinal, estamos falando de um ano eleitoral no Brasil.
No quesito econômico, as expectativas dos respondentes é que 2022 seja semelhante a 2021. A programação para o ano é cautelosa, mas a maioria das empresas segue investindo e ampliando os negócios (59%). O mesmo ocorre com as intenções de lançamentos, que apesar de adiadas ou alteradas, seguem programadas para a maior parte (61%).
Falando de segmentos da construção, 84% dos respondentes acreditam que a área residencial é a com mais oportunidades. Na contramão, hotéis, shoppings e escritórios possuem 10% ou menos. Podemos considerar estes números reflexos da situação que vivemos com a Covid-19, em que as pessoas passaram a ficar mais tempo em casa.
No geral, as expectativas para a empresa comparada às expectativas para o mercado são positivas. Dos respondentes, 75% possui uma expectativa boa ou excelente para empresa e 67% para o mercado.
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