Há oito anos, durante uma palestra em uma universidade em Joinville, mencionei que uma obra de 50 anos atrás não era muito diferente de uma obra atual. Isso sempre me incomodou. Nesta semana, enquanto passeava pelas ruas de Balneário Camboriú, algo me chamou a atenção: um edifício, concluído há pouco mais de cinco anos, já parecia “velho”. Não estava malconservado, mas parecia envelhecido por ter sido construído em outra época, e foi.
A maioria de nós ainda está empilhando tijolos, mas isso não significa que estamos fora da revolução tecnológica da construção civil. O mundo à nossa volta está mudando rapidamente, e mesmo que não percebamos, estamos no centro de um furacão tecnológico.
Drywall, estrutura protendida, gruas, escoras metálicas, cubetas, BIM, PEX, esquadrias do chão ao teto, reuniões online, fachadas ventiladas. Listei dez, mas, ao voltar para a obra, observe bem; facilmente você encontrará mais dez tecnologias que não existiam há pouco tempo.
Essas mudanças, embora aparentemente incrementais, já transformaram completamente a maneira como construímos. Nos últimos dez anos, mudamos mais do que nos cinquenta anos anteriores. O tempo, o risco e a aparência das nossas obras mudaram, e esse furacão só vai ganhar força.
Duas tecnologias ainda estão em estágio inicial, mas quando fizerem efeito, vão mudar tudo: Inteligência Artificial e Robótica.
Costumamos ouvir que a construção civil só perde para a pesca no que se refere a avanços tecnológicos. No entanto, somos os únicos que construímos em uma escala tão grande, precisando nos adaptar a cada terreno e legislação, com um índice de repetição baixíssimo. Por isso, a linha de produção tradicional se torna inviável devido à escala.
A Tesla planeja disponibilizar ao público, em 2027, o Optimus, seu robô humanoide, por 20 mil dólares, conectado à inteligência artificial. Já pensou no impacto que ele terá na sua obra?
A Ford mudou a maneira como nos deslocamos, a Apple fez com que nos comunicássemos com alguém do outro lado do mundo, enquanto ignoramos nosso vizinho no elevador. E o robô da Tesla pode nos livrar da preocupação de saber quantos pedreiros aparecerão na segunda-feira após o pagamento.
A velocidade da mudança já é absurda, e só está acelerando.
Cristiano Schneider
Fundador da Thórus Engenharia e do Thomorrow