Neste final de semana, estive com minha irmã, que mora em Concórdia, SC. Ela não trabalha com construção civil, mas fez uma obra um pouco antes da pandemia. De repente, ela me disse: “Está impossível construir hoje em dia. Quando fiz minha obra, gastei 30% do orçamento com mão de obra. Se fosse hoje, esse valor passaria de 50%.”
De volta ao litoral, a situação não é diferente. Hoje, vemos quase mais placas de “HÁ VAGAS” do que anúncios de apartamentos à venda pelas corretoras. Brincadeiras à parte, o que mais escuto dos nossos clientes é a mesma reclamação: não há mão de obra disponível. Mas por que isso está acontecendo?
Custo de vida
Uma pessoa próxima está se mudando para Balneário Camboriú e relatou que o menor aluguel que encontrou foi de R$ 4 mil. Esse alto custo inviabiliza que trabalhadores da construção civil morem perto das grandes obras, o que resulta em uma BR-101 lotada nas manhãs e finais de tarde. Muitas pessoas que poderiam trabalhar na construção acabam desistindo por causa do tempo perdido no deslocamento diário.
Auxílios governamentais e a geração “nem-nem”
Atualmente, mais de 20% dos jovens no Brasil não trabalham nem estudam, um dos maiores índices do mundo. Paralelamente, os gastos com auxílios governamentais continuam a subir. A reposição da mão de obra não acompanha a velocidade com que as pessoas estão saindo do mercado de trabalho, enquanto os incentivos para ficar em casa só aumentam.
Reoneração gradual da folha de pagamento
A reoneração da folha de pagamento foi adiada para 2025, 2026 e 2027, mas esse custo está por vir. Segundo um estudo da CEBIC, a mão de obra, que já está cara, ficará 13% mais cara após o fim desse período de transição.
Como resolver?
Vejo apenas uma saída: acreditar e investir em novas tecnologias e métodos construtivos. Depois de muitos anos, hoje já temos a maioria dos edifícios altos com paredes de drywall, algo que era um tabu até pouco tempo atrás.
Tecnologias como PEX, protensão, formas metálicas, piscinas pré-moldadas e fachadas modulares reduzem significativamente a necessidade de mão de obra. Então, por que não utilizar banheiros pré-moldados? Eles são um dos menores ambientes a serem construídos, com alta repetição e grande potencial de patologias. Aquela cerâmica que insiste em ficar mal colocada poderia ser perfeitamente feita em um ambiente industrializado, múltiplas vezes. Sim, os desafios existem: transporte, içamento e desníveis com os demais ambientes.
Mas será que esses desafios são maiores do que os que enfrentamos ao contratar e manter tanta gente na obra?
Cristiano Schneider
Fundador da Thórus Engenharia e do Thomorrow