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Já pensou em construir um edifício com estrutura em madeira?

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Já pensou em construir um edifício com estrutura em madeira?

Edificações construídas em madeira transmitem uma sensação de conforto, são aconchegantes e acolhedoras. O material, tem um baixo impacto ambiental se comparado à outras escolhas tradicionais como o concreto e o aço, além de ser renovável.

O Brock Commons é o maior edifício com estrutura feita em madeira já construído no mundo. Fica em Vancouver, no Canadá e possui 53 metros de altura (18 pavimentos). Foi finalizado em julho deste ano e servirá de moradia estudantil para os alunos da Universidade Britânica da Colúmbia.

Em Amsterdã, na Holanda, usando a madeira como principal material de construção e inspirado pelo exemplo internacional, está sendo construído o edifício Haut. Ele terá altura de 73 metros e 20 andares, o que o tornará um potencial concorrente ao título de maior edifício com estrutura de madeira do mundo.

Construção e métodos construtivos

A construção do edifício foi dividida em 3 etapas:

Fase 1 – Estrutura de concreto: foram executadas durante os meses de inverno, a base da edificação, as lajes dos níveis 1 e 2, além dos núcleos (escada e elevador) em concreto fundido no local. Os núcleos em concreto fornecem rigidez ao edifício.

Enquanto o concreto estava em andamento, os componentes estruturais de madeira maciça e os painéis de fechamento foram fabricados simultaneamente por fabricantes diferentes.

Fonte: naturallywood.com (goo.gl/58ka4P)

Fase 2 – Montagem dos componentes de madeira e fechamentos: ocorreu durante as estações mais secas (primavera e verão), para evitar que a madeira entrasse em contato com água. Os painéis eram trazidos das fábricas com selamento para proteção e eram colocados em seus devidos lugares com auxílio de guindastes.

As madeiras foram tratadas com preservantes químicos para aumentar sua resistência aos ataques de organismos que causam a deterioração e garantir durabilidade. Esses tratamentos geralmente vêm com uma garantia, e previnem a infestação por cupins.

Fonte: naturallywood.com (goo.gl/58ka4P)

Fase 3 – Interiores e sistemas: as divisões interiores foram feitas em placas de aço convencional e gesso, enquanto para armários e outros foi utilizado painel laminado.

Para possibilitar a construção com múltiplos elementos pré-fabricados foi essencial ter um modelo altamente detalhado, para avaliar a ordem dos trabalhos, levantar custos de diferentes opções e identificar conflitos. Foi possível criar uma sequência animada de instalação e de montagem de todos os componentes do projeto, uma vez que as peças de madeira foram pré-fabricadas e depois montadas em obra. A tomada de decisões antecipada foi crucial para facilitar e acelerar a fase de construção. A pré-fabricação das partes da estrutura de madeira maciça também foi desenvolvida a partir dos elementos do modelo.

A organização da execução possibilitou uma otimização do uso de guindastes, máquinas, materiais e equipes na obra. O cronograma foi considerado agressivo em comparação com obras convencionais, já que a obra toda foi realizada em 18 meses e os projetos e aprovações demoraram cerca de oito meses.

O uso da madeira foi considerado viável e devido ao manejo florestal sustentável é um modelo positivo ao meio ambiente. Mas a grande vantagem esteve na pré-fabricação, que possibilitou a redução de tempo, desperdício, poluição, ruído e ainda permitiu um trabalho simultâneo fora do canteiro de obras e em condições controladas.

Fonte: naturallywood.com (goo.gl/duw5hZ)

Estutura do Brock Commons

A fundação, piso térreo e laje do segundo andar, assim como os núcleos de escada e elevador foram feitos de concreto, ao mesmo tempo em que a estrutura é composta de pré-fabricados de madeira laminada cruzada (CLT – cross-laminated timber).

A decisão de usar núcleos de concreto ajudou no sistema contra incêndio, no design estrutural, e a simplificar o já complicado processo de permissão e aprovação da edificação.

A estrutura híbrida de madeira é revestida com múltiplas camadas de placa de gesso e painéis de concreto, para atender aos códigos de segurança contra incêndios e para facilitar o processo de aprovação junto às autoridades competentes, como pode-se observar na figura abaixo:

Fonte: actonostry.ca (goo.gl/yrcSWZ)

 

Sistema de prevenção contra incêndio e pânico do edifício

Como o edifício é composto por uma série de unidades compartimentadas, é extremamente provável que um evento de fogo seja contido no compartimento que se originou. A separação entre as suítes é resistente ao fogo por duas horas. Um sistema de sprinklers automáticos com um abastecimento de água de reserva oferece adicional proteção para ocupantes e bombeiros, para eventos que possam surgir durante um possível evento (incêndio).

O processo de prevenção contra incêndio ainda incluiu placas contra fogo instaladas no concreto e núcleos. Houve a limpeza do local durante a construção para evitar o acúmulo de materiais inflamáveis. Também foram praticados todos os treinamentos necessários para prevenção contra incêndio e resposta ao fogo.

Medidas adicionais de mitigação de riscos foram aplicadas, como o uso de juntas de expansão, duchas flexíveis, drenos para pavimentos em todos os banheiros com o intuito de minimizar o risco de acumulação de água no caso de um vazamento e sistemas para amenizar o movimento diferencial da estrutura do edifício em tempestades ou terremotos.

Instalações

Para sustentar as complexidades e os riscos associados ao Brock Commons em um nível gerenciável, todas as furações para a infraestrutura mecânica, elétrica e de encanamento foram cortadas com precisão na instalação de fabricação (o processo de fabricação do CLT foi completado, com o uso de uma máquina de controle numérico de computador (CNC), que permite tolerâncias muito apertadas nos painéis concluídos). Isso garantiu a instalação nas etapas de acabamento exatamente onde foram projetadas. Os conectores de aço, nas interseções das lajes com as colunas, transferem as cargas entre as colunas e fornecem uma superfície de apoio para os painéis do piso CLT. Assim, foi possível montar as instalações com precisão e rapidez, minimizando significativamente a necessidade de ajustes na estrutura.


Fonte: cadmakers.com (goo.gl/gd975o)

E se fosse no Brasil?

Uma construção como essa é possível nas nossas cidades? As prefeituras aceitariam o projeto? E o Corpo de Bombeiros local, permitiria? Como funcionaria o seguro residencial?

Para responder à essas questões fizemos um contato com as prefeituras das cidades de Curitiba/PR, Joinville/SC e Itajaí/SC e consultamos também o Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina. Obtivemos respostas favoráveis em todas as consultas.
Em Joinville: a prefeitura respondeu que a Lei de Ordenamento Territorial vigente (Lei Complementar nº 470/2017), não diferencia o tipo de material da edificação. Portanto, os procedimentos para legalização de obras e os índices urbanísticos são os mesmos para qualquer tipo de material empregado na construção. Sendo a escolha do mesmo de responsabilidade do Autor do Projeto e Responsável Técnico da obra, que devem observar as disposições da Norma Técnica de Desempenho das Edificações, NBR 15.575/2013 da ABNT, e garantir sua eficiência.

Em Itajaí: a informação foi de que a tratativa é idêntica a uma edificação convencional.

Já na cidade de Curitiba: a única condição que há na legislação municipal – Portaria 80/2013 – é que edificações em madeira deverão obedecer a um afastamento mínimo de 2,00 metros das divisas, independentemente da existência de aberturas.

O Corpo de Bombeiros de Santa Catarina: apenas colocou que o corpo da escada deverá ser em concreto resistente ao fogo por quantas horas forem necessárias conforme a classificação da escada. O edifício de Vancouver teve a escada toda executada em concreto e também apresentou outros itens relevantes à segurança contra incêndio, para que pudesse ser aprovado pelas autoridades locais conforme citado acima.

Os seguros residenciais para edificações de madeira costumam ser mais caros em nosso país. Isto acontece porque a maioria delas possui um maior risco de sinistro comparado com as edificações de concreto e alvenaria. Por se ter a ideia de que as construções de madeiras são mais frágeis em caso de incêndio ou vendaval, é de se esperar que o seguro seja mais caro.

Entretanto, há outros fatores que são levados em conta na hora de calcular o preço final do seguro residencial: valor do imóvel, valor indenização, quantidade de coberturas, franquia, tipo do imóvel, equipamentos de segurança, entre outros.

Para um melhor entendimento dessa superestrutura e uma visão geral da construção, assista aos vídeos:

 

Autoras:

Amanda Larentis
Engenheira Civil

Thaynah Cristina Diogo de Morais
Estudante de Engenharia Civil
8º Semestre – Unisociesc

Fontes:

Naturally Woods
Hermann Kaufmann
P3 Publico
Haut Amsterdam
Exame

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