Uma das medidas de proteção e combate à incêndio e pânico mais comuns é a de iluminação de emergência. Independentemente do tipo da edificação, altura ou área construída, o Corpo de Bombeiros vai exigir a instalação desse sistema, que é regido pela Instrução Normativa 011 (IN011) do Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina.
O que é o sistema de iluminação de emergência?
Se você ainda não sabe o que é ou para que serve a iluminação de emergência, de acordo com a ABNT NBR 10898 (1999), a definição da mesma é: “Iluminação que deve clarear áreas escuras de passagens, horizontais e verticais, incluindo áreas de trabalho e áreas técnicas de controle de restabelecimento de serviços essenciais e normais, na falta de iluminação normal.”
Uma vez definido esse sistema, é importante salientar que são 3 os tipos de fonte de energia aceitos para alimentação do Sistema de Iluminação de Emergência (SIE). São eles:
• Conjunto de blocos autônomos
De acordo com ABNT NBR 10898 (1999), conjunto de blocos autônomos são aparelhos de iluminação constituídos por um único invólucro, possuindo fonte de energia com carregador e sensor de falha na tensão alternada (dispositivo que o coloca em funcionamento).
Conforme prevê a IN011, subseção I, artigo 16, a única exigência específica para adoção do sistema autônomo é de que exista uma tomada exclusiva para cada bloco. A Figura 1 mostra um exemplo de um Bloco Autônomo de Iluminação.
Figura 1 – Bloco Autônomo
Fonte: Loja Elétrica (2017)
• Sistema centralizado com baterias recarregáveis
Segundo a ABNT NBR 10898 (1999), o sistema centralizado com baterias de acumuladores elétricos é composto por circuito carregador com recarga automática que atenda a autonomia do SIE.
A IN011, através da subseção II, artigo 17, prevê que o SIE alimentado por central de baterias deve possuir disjuntores próprios, tempo de comutação máximo de 2 segundos e circuitos atendendo pavimentos alternados. Ainda, escadas e rampas devem possuir 2 circuitos independentes. A figura 2 ilustra o esquema de montagem do SIE através de central de baterias:
Figura 2 – Esquema de montagem do SIE
Fonte: Comercial Ex
• Sistema centralizado com grupo moto-gerador
O esquema de funcionamento do grupo moto-gerador é semelhante ao da central de baterias. A IN011, através da subseção III, artigo 18, limita o tempo de comutação em 12 segundos, com circuitos atendendo a pavimentos alternados, 2 circuitos independentes por escada e ainda, para tanques de armazenamento de combustível com volume igual ou superior a 200 L, deve ser prevista bacia de contenção com 1,5 vez o volume do tanque. A figura 3 mostra um moto-gerador.
Figura 3 – Grupo moto-gerador
Fonte: Stemac
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Quais as diferenças entre os sistemas?
Conforme revisado previamente, o sistema de blocos autônomos apresenta bateria interna, portanto é um produto de fácil instalação, bastando liga-lo na tomada. O sistema centralizado, seja através de baterias ou grupo moto-gerador, possui algumas restrições.
De acordo com a IN011, seção III, artigo 19, o abrigo que recebe o grupo moto-gerador ou a central de baterias deve atender algumas características como: local não acessível ao público, protegido por alvenaria, porta metálica ou do tipo P-30 e ventilação adequada. Ainda, deve possuir detector de temperatura e uma luminária de emergência em seu interior. Na parte externa desse abrigo, deve existir um extintor portátil, placas de identificação e um quadro de comando com identificação de todos os circuitos e dispositivos para desligamento. Caso seja adotado o grupo moto-gerador, os gases do escapamento devem estar direcionados para o exterior. A Figura 4 ilustra um esquema de baterias centralizadas.
É importante frisar que, a tensão máxima do SIE não pode ultrapassar 30Vcc, conforme artigo 6º da IN011. Assim, no caso de blocos autônomos, a tensão da rede, de 110Vac ou 220Vac é transformada diretamente dentro dos mesmos. Na adoção de central de baterias, também não há preocupações com isso, afinal a tensão de saída das baterias vai ser 12Vcc ou 24Vcc. No caso de adoção do grupo moto-gerador, deve-se atentar para instalação de um conversor de tensão nos circuitos que atendem o SIE.
Figura 4 – Central de Baterias
Fonte: Ekipp Fire
Qual sistema devo adotar?
A escolha da forma de alimentação para seu SIE vai depender da complexidade do projeto. Em locais pequenos, a recomendação é o uso de blocos autônomos, pela facilidade de instalação. Em ambientes maiores, o sistema centralizado passa a ser interessante, pois pode gerar economia a longo prazo (menor manutenção) e maiores possibilidades de configuração.
A Thórus Engenharia realizou um estudo, tomando como exemplo um edifício de 21 pavimentos e 76 metros de altura, sendo que para esse comparativo foram considerados apenas os equipamentos, sem mão-de-obra. O mesmo possui 127 luminárias de emergência de 100 lúmens e 12 blocos de iluminação de 2000 lúmens. O empreendimento em questão já previa a instalação de um gerador de emergência para uma série de finalidades, e por isso, na comparação dos três sistemas, usando o moto-gerador para alimentar toda o SIE, o impacto de consumo de energia pelas luminárias foi pequeno, não aumentando a potência total do gerador, portanto tornando essa a solução mais econômica.
Mas você deve estar se perguntando: e se o meu empreendimento não prevê o uso de gerador? Nesse caso, instalar um gerador apenas para alimentação do SIE definitivamente não vale a pena. Para o edifício estudado, o gerador com partida elétrica de menor potência encontrado no mercado foi de 2kVA, suficiente para atender todo o SIE. Por que o sistema não vale a pena? Conforme nosso levantamento, o uso do gerador provou-se 20% mais caro que o uso de Central de Baterias e 13% mais caro que a adoção de blocos autônomos.
Assim, resta o sistema centralizado por baterias e os blocos autônomos. Novamente utilizando os dados do edifício anterior, constatamos que a adoção do sistema de blocos autônomos é 8,4% mais caro que o uso de central de baterias.
Contudo, a variedade de produtos para blocos autônomos é muito maior (com variação de luminárias, tipos e quantidade de lúmens) que o sistema centralizado, e a infraestrutura de instalação é mais simples. Foi possível constatar que o número de fornecedores, pelo menos no estado de Santa Catarina, é maior no caso dos blocos autônomos, com catálogos fáceis de encontrar. Algumas empresas até mesmo pararam de produzir luminárias para sistemas centralizados, atuando apenas no ramo dos blocos autônomos.
Ressaltamos que a consulta com fornecedores é primordial para a escolha da fonte de energia do SIE. E depois de todas essas informações, cabe a você leitor tomar a decisão.
Aqui na Thórus Engenharia executamos projetos para construtoras e incorporadoras de edifícios. Auxiliamos o cliente em todas as etapas do processo e desenvolvemos projetos pensados conforme necessidade de cada empreendimento. Você pode solicitar um orçamento do seu projeto prevenção e combate a incêndios por AQUI.
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Autor:
Murillo Tacca
Engenheiro Civil
Orientador:
Diego Santos
Engenheiro Eletricista